Tuesday, September 30, 2008

A fila anda...

… mas ninguém sabe para onde.

Nesta nova fase de minha vida, tenho tido obrigações que outrora evitava o máximo possível. Uma delas é a ida ao supermercado. Aquele ambiente sempre me assustou um pouco.

Quando pequeno, ainda nas Lojas Americanas da Constantino Nery, próximo ao Estádio Vivaldo Lima, eu me perdi de minha mãe e não sabia o que fazer diante daquelas prateleiras enormes cheias de produtos chatos, fora o setor de brinquedos e biscoitos claro. Foi então que tive a brilhante idéia de ficar embaixo de uma câmera de segurança enquanto chorava. Minutos depois surgiu um policial (isso na minha cabeça) que me levou até a minha mãe.

Desde então eu tenho esse problema com o tal do supermercado. Hoje o problema é outro. Não tem coisa pior que o caixa rápido. As vezes eu prefiro comprar 11 volumes a ter que enfrentar aquilo.

É uma agonia que não tem fim. Primeiro que tem sempre 567 pessoas na sua frente, uma coisa horrível. As pessoas deixam as cestas no chão e conforme a fila anda vão arrastando-as com os pés, com uma sincronia de dar medo.

Em seguida, quando você começa a se aproximar da boca do túnel, escuta aquele grito: “Próximo!!!”. É o inferno na Terra, você passa a suar frio, o coração só falta sair pela boca. Existem bem uns 15 caixas rápidos, todos misturados em um labirinto de cestas, revistas, bombons, preservativos, tic-tacs que ninguém consegue entender nada.

Quando finalmente chega a sua vez, é a morte em vida. Você não consegue pensar mais em nada, é uma pressão constante, já que existem pelo menos 30 pessoas atrás de você que dependem do seu desempenho na fila para poderem pagar a sua compra. Como também a proeza de tentar visualizar 15 caixas ao mesmo tempo com os ouvidos bem apurados para não se confundir na hora do grito: “Próximo!!!”.

E para melhorar sempre aparece aquele sujeito que quer ajudar, quando na verdade, está apenas perturbando mais o juízo e a concentração, e diz: “Ela ta chamando ali oh”; “Olha! Liberou aquele caixa!”.

Que agonia! O que custa instalar o caralho da lâmpada em cima dos caixas?

Bem, eu resolvi voltar a escrever e ajudar a nossa amiga e enviada especial ao interior dos Estados Unidos para acompanhar de perto a crise financeira que passa o país, Rachel.

Sunday, September 21, 2008

How to be cool in W&L - UPLOADED

*Tasquei um video pra ilustrar melhor uma competição de drinking games e um evento de uma frat*



As frats têm eventos supertradicionais, como o chicken X gorilla boxe matching!



Eu sei que deveria estar escrevendo a segunda parte do "You Know You go to W&L when...", mas acabei achando que seria mais importante mostrar pra vocês o que bomba no interior da Virginia no final do verão de 2008. Porque raios vocês iriam querer saber disso ainda permanece um mistério.

Ser cool na zona rural da Virginia é...

- Pertencer a uma fraternidade

Neste post não discursarei muito sobre as frats e srots, mas pra você ser cool participar da vida grega é algo fundamental. Os calouros ficarão desesperados até dezembro com o recrutamento. A vida grega define toda a sua vida social nos quatro anos de faculdade. Eu, como a exótica brasileira que não pode ser recrutada (ficarei apenas um ano aqui), tenho uma certa liberdade de transitar entre as frats/srots. Até agora eu gosto de todas, mas certamente porque eu já tinha amigos que abriram caminhos. Sem eles, a vida social dos estrangeiros fica restrita a umas duas ou três fraternidades. As fraternidades dos playboys dos sul dos estados unidos têm as melhores casas e eu amo o Bill por fazer todo mundo me tratar bem por lá. Entre as sororities, a chi omega parece ser a que eu gostaria de entrar, apesar de saber que isso não significa porra nenhuma pra 90% das pessoas do mundo.


The Lodge, a casa da Chi Psi. Praticamente todas as noites terminam aí.



- Fashion
A vida aqui é de extremos. Play hard, work hard. As pessoas estudam muito, bebem muito, festejam muito e malham muito. Durante o dia, as meninas se alimentam de saladas e vao da sala de aula pra academia, da academia pra biblioteca, da biblioteca pra algum esporte, do esporte pra sala de aula. Durante a noite eles bebem tudo, tudo mesmo, misturado, separado, o que tiver, ate cair. E no dia seguinte pode apostar que estarão correndo milhas ao acordar. Por isso, ser cool aqui significa usar roupas esportivas o tempo todo, já que a qualquer tempo livre, você dá aquela passada na academia. Roupas esportivas = short da nike + blusa da w&l.


Eu juro que elas vão pra aula assim, mas como eu só vou pra academia de noite...

Unhas rosa e Wayfarer também são tudo na noite aqui. Unhas rosas nos pés, especificamente. Elas pintam de qualquer jeito, manicure não existe aqui...então a moda é unha descascada rosa pink no dedão. Adoro.


Eu já to tentando me encaixar, ó!

Os óculos Wayfarer são tudo na noite em qualquer lugar do mundo, mas aqui TODAS as pessoas possuem pelo menos uns seis pares originais. Eu particularmente já enjoei dessa moda e me recusei a usar até que no sábado passado, durante a infame festa Late Night at Chi Psi, eles distribuiram wayfares pra galerinha. Lógico que eles não eram originais, eram aquelas réplicas que custam 30 dólares. Mas comprar uns 200 óculos de trinta dólares pra distribuir numa festa cheia de adolescentes bêbados não é bem o que eu considero pobreza.


- Drinking Games


Por ultimo, mas não menos importante (pelo contrário), ser cool aqui é ser campeão nos famosos drinking games. Existem tantos deles que eu nem sei listar. O mais famoso é o Beer Pong.



Toda casa que se preze aqui tem que ter uma Beer Pong table e jelly shots!

Os drinking games são a atração principal de 90% das festas por aqui. No último fim-de-semana, rolou um drinking game hardcore. A festa era temática: Tropical Party e o desafio era beber um shot com um peixinho dentro. Tipos o peixe tava vivo e você bebe e ganha uma camisa. Estranhamente as camisas esgotaram no primeiro minuto. Como desafiaram a minha honra (e eu sou da Amazônia, for god's sake), eu bebi o peixe do mesmo jeito! Essa foi uma das coisas que eu não sei mesmo se funcionariam no Brasil. Estou pensando seriamente em abrir um bar em Manaus onde eu possa oferecer todo o meu novo conhecimento alcolístico a preços exorbitantes.



Bônus: A música



Tocou, tá todo mundo sijogandonapista!

Sunday, September 14, 2008

Post em pedaços

Estréia de ensaio sobre a cegueira a.k.a reunião dos amigos da rachel

Vamos parar com essa putaria de vir me dizer que TODO mundo que eu conheço estava no cinema pra ver Ensaio sobre a Cegueira, também conhecido por Meu Livro Preferido de Todos os Tempos?
Antes que alguém diga: "Mas Rachel, você tá morando nos Estados Unidos, primeiro mundo e pan pan pan", devo lembrar que dizer que eu estou morando neste país é muito simplista. Melhor seria dizer que eu estou estudando 23 horas por dia em um campus universitário em lexington, cidade do interior a virgínia, um dos estados mais rurais dos estados unidos. Portanto, apesar de eu poder ver todos os filmes que já saíram em dvd de graça em um dos três cinemas auditórios da faculdade, o cinema oficial da cidade só tem UMA sala e eles escolheram Tropic Thunder (vai entender!). Estou vendendo meu rim pelo torrent de Blindness.
E gente, da próxima vez leva uma foto minha estilo propaganda do Mastercard!

- Aula de Política Global

O tema da aula era Rational Approach in Comparative Politics, algo muito chato que eu tenho a leve impressão de que nunca vou aprender. Então, sucedeu-se o seguinte diálogo (tecla SAP on):

Rachel, você deve saber do que eu vou falar agora. Os brasileiros tem algo que eles chamam de "djeitinho". É um mecanismo de superação das restrições impostas pela realidade na busca pela maximização da satisfação de um interesse pessoal.

*gargalhadas internas*

ADORO!


- VMI

Farei esta nota inicial sobre os VMIs, mas sinto que o Virginia Military Institute vai render um post próprio. Nem só de Washington And Lee é feita Lexington. Na verdade, a cidade é mais conhecida como a sede do Virginia Military Institute, um dos maiores faculdades do exército americano. O VMI abriga os seres mais bizarros que eu já conheci. Tive o grande prazer de ser abordada por eles numa festa no último sábado e, apesar dos longos minutos de conversa mais awkward da minha vida, eu pude saber como é a vida no VMI, em conseqüência, como treina o exército americano e, podem acreditar, agora TUDO FAZ SENTIDO!
Estava eu e a Katie (professora assistente de alemão) curtindo nosso Grain (nunca beba nada da lata de lixo! Yeah, right...), quando três vimis se aproximaram. Eu vi logo a cara de pânico do nosso colega dono da frat, mas ele deixou rolar. Os vimis se apresentaram e logo de cara seguiu-se o diálogo:

- Eu sou da alemanha!
- Cool, cool...eu sou meio alemao...
- Voce fala alemao?
- No, I am trained to shoot, not to speak german! (Em português a frase perdeu o efeito)

*choque total*, a camera neste momento se vira pra mim e para o diálogo com o "meu" vimi:

- E ai? Como é o VMI?
- Eu estou lá obrigado. Queria estar na marinha, mas meu pai me mandou pra faculdade. Eu odeio tudo. É uma merda, mas eu estou preso lá!
- Mas poxa...e vocês podem sair assim de farda a noite?
- Como assim sair? A gente não pode sair! Só sábados das 10 a 1 da manha! Se a gente não arrumar carona, eu vou ter que subir aquele morro e atravessar o rio a nado.
- Que bom que você é treinado pra isso né? (muito medo, muito mesmo...)
- É, a gente treina. Tenho que correr 10 km por dia, o resto do tempo temos aula. Eles controlam tudo.
- Puxa, eu vou ali dentro pegar bebida...
- Me dá seu telefone?
- Ah, eu nem tenho telefone, sou do brasil! (rá!!!)

Depois disso, os vimis vão pra casa. É quase uma da manhã e eu espero muito que eles tenham precisado subir o morro, matar algum animal selvagem, nadar uns 20 km e bater um no outro pra compensar os 15 minutos de pânico total que eu passei. Mas não acabou por ai, quando eu cheguei em casa (uma meia hora depois), liguei meu facebook e SUSTO! Olha quem me adicionou:


I am too sexy for my gun!


Porque não arrancar os chifres do pobre viado com as próprias mãos e depois colocar a foto no facebook? Meus amigos acharam cool!


Sério, Zach...nem vai rolar! Bandeira dos confederados e arma na mão é tão 1861. Mas quem sabe se o Evandro copiar vira tendensia na noite! Já posso ver a galerinha vestida de KKK na tum tum indie nights!

Direto do Brasil

Não dá pra resistir! A Sandy casou e, apesar do vestido debutante com tiara que ela usou, a melhor noticia foi essa:




Link pro post-manifesto feito na lua-de-mel:

http://www.papolog.com.br/familialima/post/1394



OH GOD! Could they be MORE boring???

Sunday, September 07, 2008

You know you go to Washington and Lee when...



A Washington and Lee é um local peculiar e neste post falarei sobre algumas características específicas deste microcosmo situado em Lexington. Essas não são características dos estados unidos em geral. Por exemplo, as roupas tamanho Small no shopping de Roanoke são gigantes, ninguém duvida que os Estados Unidos são um país gordo, mas as roupas da lojinha da Washington and Lee são minúsculas porque eu juro que a média de peso das meninas daqui é 49Kg.
A primeira e mais marcante característica da W&L é que à primeira vista, todo mundo é igual. As meninas são loiras, magras e atléticas e usam um short esportivo, uma camiseta da faculdade e chinelos. Os meninos sao loiros e fortes e usam camisa pólo ou de botão, short cáqui e chinelos. As pessoas adoram chinelos e vão pra aula e igreja com eles. No início eu e os internacionais nos sentíamos destacados, mas com o tempo essa impressão passa. Na verdade, eu suspeito que tenha a ver com o fato de que o indiano daqui de casa ta usando uma camisa pólo e um chinelo. (E eu to com meu short da nike =/, que estranho!).
As aulas começaram faz uma semana e a sensação é que eu to na véspera do vestibular. Aqui as pessoas tem altos e baixos: um dia você se sente superfeliz por ter tantas oportunidades, aprender tanta coisa e dispor de professores tão qualificados; no outro você só consegue pensar "O que eu to fazendo? Eu jamais passarei nessa faculdade!". O que me anima mais é que mesmo os seniors, que já estão aqui ha quatro anos, ficam falando: Oh céus, este é o pior período da história, jamais passarei de ano! Com o tempo eu espero muito que acostume. Espero também ter mais tempo para fazer outra coisa que não ler os livros que os professorem exigem que você leia ANTES da aula. Não, não é capítulo! É livro mesmo! E eles vão saber que você não leu...explicarei posteriormente como tudo funciona.
Esta série "You know you go to Washington and Lee when..." vai ser dividida em partes:
Parte I - O dia-a-dia em Lexington
Parte II - A vida acadêmica (a.k.a O que eu tava pensando??)
Parte III - A vida social

Continua a minha batalha pra convencer os europeus de que tomar mais de um banho por dia não é um síntoma de Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Hoje eu escrevia um trabalho denominado Why is East Asia Rich?, sai pra tomar banho (eu tinha um jantar!!!) e quando eu voltei, tinham escrito no meu laptop:

"Because Asians don’t shower the whole day (like e.g. Brazilians),therefore Asia has to pay lower water using taxes!!!!"