Monday, June 29, 2009

Censurinhas

Não entendo o porquê do Orkut ter censurado o conteúdo do meu blog. há uns meses, eu descobri que o Leseira era bloqueado nos Emirados Árabes. É compreensível: futricando nos posts antigos existem textos sobre terrorismo, defecação, uma foto de um órgão genital feminino e um texto super feminista sobre a superficialidade dos concursos de beleza organizados pelas meninas do Lato Sensu.
No entanto, a quantidade exorbitante de scraps que eu recebo no orkut com uma foto de mulher nua como profile sempre me fez acreditar que o site de relacionamentos não é a coisa mais puritana que existe.

Então, alguém sabe dizer qual o critério que o orkut usa pra suprimir o conteúdo dos blogs?

Thursday, June 18, 2009

Sobre o diploma

Começo este post já dizendo que não tenho uma opinião formada sobre a polêmica do diploma de jornalismo/culinária. Isso, por si só, já me torna uma péssima jornalista – o senso-comum diz que temos que ter uma opinião formada sobre tudo.
Vou filosofar. Acho que existem vários ângulos a serem abordados pela questão. Primeiro, acho um absurdo os milhares de estudantes de jornalismo que atuam nas redações de jornais como jornalistas formados estarem reclamando da lei. Se ela existe, é por que foi reforçada por uma realidade onde estudantes de terceiro período já estão fazendo reportagens ao invés de estarem frequentando as aulas de ética e legislação. Os jornais já contratam sem diploma e essa é mais uma daquelas leis que só legalizam o óbvio. Infelizmente.
Por outro lado, qual a finalidade de uma faculdade para jornalismo? Aqui nos Estados Unidos eu morei com um inglês que estudava História e me disse que jornalismo é só um bocado de técnicas e que qualquer um poderia escrever em jornal, bastando saber inglês. Então ele fez Introdução ao Jornalismo e tirou um belíssimo C-. Opa, o que faltou? Ele dominava a língua perfeitamente. Ele decorou as técnicas. Mas o que ele não aprendeu inclui ética, importância da comunicação, indústria cultural, processos comunicativos, agenda setting, manipulação pública,liberdade (ou o que é?) de imprensa, censura, discursos, e outros milhares de terminhos que a gente aprendeu (ou deveria ter aprendido) na faculdade. Teoria da Comunicação, minha gente. Realidade regional, aquela mesmo!! Enfim, o que fazemos vai além de técnica. Tem ressonância na sociedade: a imprensa é e sempre vai ser um agente ativo de transformações sociais e o jornalista aprende isso com a bunda na cadeira ouvindo o Seu Jorge explicando sobre Adorno. Ou ninguém parou pra se perguntar porque todo mundo não odeia a Veja como nós, estudantes de jornalismo que passamos pelas aulas do Tom Zé, odiamos?
Além disso, o fazer jornalístico vai além de saber escrever em uma língua. Não, eu não vou dizer que acredito em objetividade ou imparcialidade, mas sim em um conjunto de técnicas objetivas que permitem dizer que uma matéria possui alguma validade como informação. Não consigo concordar com quem diga que fulaninho escrevendo em seu blog sobre o que ele achou do novo Transformers é tão jornalístico quanto um repórter passar semanas investigando uma matéria, consultando fontes e documentos e escrevendo com credibilidade através de um método quase científico.
O negócio é que algo me diz que essa discussão vai muito além do que é melhor pra sociedade. Afinal, eu até entendo alguém defender que um economista atue como jornalista, escrevendo sobre economia com o domínio das técnicas. Mas isso significa que se eu dominar a retórica e aprender as leis, posso ser advogada? Pelo contrário. Mesmo que eu tenha formação em Direito, eu ainda tenho que passar por outra prova para ser uma profissional das leis. O porquê disso me parece ser muito mais uma questão de organização e lobby (positivo diga-se de passagem)dos advogados tentando proteger a sua profissão.
O estudante de jornalismo está na redação como jornalista; o estudante de direito está no escritório/tribunal como estagiário. Ninguém paga a um estudante de direito um salário de juiz. Ponto.
No mais, visto que a lei já está aprovada mesmo, todos me perguntam o porquê de eu ainda querer esse diploma. Além das funções citadas acima, a faculdade me permite desenvolver técnicas; ter espaço para criação e originalidade que não me é dado nos jornais; aprender com professores qualificados (quase sempre, quase nunca, depende do ponto de vista); desenvolver relações com fontes e networking; e principalmente, ter alguma idéia de qual é a minha função social no mundo. A não-obrigatoriedade do diploma deixa o jornalismo a mercê da mão invisível do mercado (aqui nos Estados Unidos, terra do free market, nunca foi obrigatório mesmo), e todas essas qualidades vão ser essenciais para o novo profissional. Neste caso Friedman certamente diria: “É muito barulho por nada. Pensem bem,agora o diploma vai acabar sendo é mais valorizado. “


PS: Did I just cite Friedman? IT IS THE END OF THE WORLD!